- Dra Tânia Antunes Carvalho
O Sarampo está de volta: Como se proteger?

Em 2016 o Brasil recebeu da Organização Mundial de Saúde o registro de Eliminação da Circulação do Vírus do Sarampo, porém agora em 2018, retrocedemos e estamos passando por 2 surtos da doença: em Rondônia (com 200 casos confirmados e 2 mortes) e no Amazonas (com 265 casos). Existem casos suspeitos, ainda não confirmados, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul. A volta do Sarampo é resultado da chegada do vírus no país trazido por viajantes e imigrantes associado à não vacinação da população - vale lembrar que a vacina contra o Sarampo é GRATUITA e está disponível nos Postos de Saúde!
O que é o Sarampo?
O Sarampo é uma doença provocada por vírus, altamente contagiosa, que se manifesta com mal-estar, febre, tosse, coriza, conjuntivite, manchas vermelhas pelo corpo (exantema), inicialmente no rosto e atrás da orelha - que geralmente surgem após 2 a 4 dias do início da febre- e manchas esbranquiçadas na boca (sinal de Koplic) - normalmente surgem 48 horas antes do exantema.
A melhora dos sintomas começa cerca de 48 horas após o surgimento das manchas vermelhas no corpo, quando as manchas vão ficando amarronzadas e começam a descamar. A tosse pode continuar por 1 a 2 semanas após a melhora do exantema.
Possui alta mortalidade e a maioria das mortes pelo Sarampo ocorre por complicações respiratórias. A principal forma de prevenção são as vacinas: Tríplice e Tetra viral.
A vacina contra o sarampo foi desenvolvida em 1960 e desde então é usada para prevenção e tentativa de erradicação da doença.
Como é a Transmissão da doença?
O Sarampo é altamente contagioso e uma pessoa que não tomou a vacina tem 90% de probabilidade de pegar a doença caso entre em contato com alguém doente. A doença pode se manifestar entre 6 a 16 dias (média de 13 dias) após o contato. O período de transmissão vai de 5 dias antes do surgimento das manchas vermelhas na pele até 4 dias após. A transmissão ocorre pelo contato pessoa-pessoa e pelo ar. O vírus permanece no ar por até 2 horas, por isso se propaga facilmente em ambientes cheios e pouco ventilados, como ônibus, metrô, Igrejas, shoppings, supermercados .
Como me proteger?
Exitem 2 maneiras de adquirir imunidade ao Sarampo: pegando a doença ou pela vacinação - com certeza, VACINAR é a MELHOR opção!
Neste ano, a campanha nacional contra o sarampo e a poliomielite será realizada entre 6 e 31 de agosto, sendo o dia 18 de agosto o dia de mobilização nacional - o Dia D.
Como é o esquema vacinal?
O esquema vacinal contra o sarampo:
Para crianças é de uma dose aos 12 meses (tríplice viral ou tetra viral) e outra aos 15 meses (a tetra viral) de idade.
Para adolescentes e adultos até 49 anos:
Até os 29 anos – duas doses, podendo ser da tríplice ou tetra viral
Dos 30 aos 49 anos – dose única, podendo ser da tríplice ou tetra viral
Quem já tomou duas doses durante a vida, da tríplice ou da tetra, não precisa mais receber a vacina.
Obs: em lugares de risco, a vacinação pode ser antecipada para a partir de 6 meses de idade. Está ainda NÃO é uma recomendação para moradores da região Sudeste!
Não devem receber a vacina:
Casos suspeitos de sarampo
Gestantes - devem esperar para serem vacinadas após o parto. Se não estiver imune, deve ser vacinada antes da gravidez. Espere pelo menos quatro semanas antes de engravidar.
Menores 6 meses de idade
Imunocomprometidos
A meta de vacinação contra o sarampo é de 95%. Em 2017, dados do Ministério da Saúde apontam que a cobertura no Brasil foi de 84,9% na primeira dose (tríplice) e de 71,5% na segunda dose (tetra).
Infelizmente os movimentos anti-vacinas estão ganhando força no País, de maneira IRRESPONSÁVEL e podem resultar em mortes e retorno de doenças já erradicadas. Sempre bom lembrar que NÃO EXISTE NENHUMA RELAÇÃO DE VACINAS COM AUTISMO e que os benefícios das vacinas superam absurdamente os riscos de eventos adversos!!
MANTENHA SEMPRE O CARTÃO DE VACINA DO SEU FILHO ATUALIZADO!!!
Procure o Pediatra para mais orientações!
Bibliografia:
http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/sarampo
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Measles, mumps, and rubella immunization in infants, children, and adolescents - uptodate