- Dra Tânia Antunes Carvalho
9 dúvidas mais comuns sobre a Caxumba

Esta semana muitos pais foram surpreendidos com a notícia de um surto de Caxumba em alguns estados brasileiros, com a maioria dos casos registrados em São Paulo. Mas o quê podemos fazer para proteger nossas crianças? O que é a Caxumba? Isso é grave? Calma, vamos tirar todas as suas dúvidas nesse texto!
# 1 - O que é a Caxumba?
É uma doença provocada por um vírus do gênero Paramyxovirus e que infecta apenas os seres humanos. Após a entrada no calendário vacinal básico do SUS da vacina Tríplice Viral (que protege contra o sarampo, rubéola e caxumba) o número de casos da doença reduziu drasticamente.
# 2 - Como a doença é transmitida?
A Caxumba é transmitida pelo contato com secreções da boca e nariz de pessoas doentes. O vírus permanece no organismo sem provocar sintomas, por 14 a 18 dias, chamado período de incubação, e nesse período ele pode ser transmitido para outros indivíduos. A época de maior chance de contágio são os 3 dias que antecedem o aparecimento dos sintomas. Ou seja, mesmo sem saber que está doente a pessoa pode contaminar outras.
# 3 - Por quantos dias a pessoa doente deve se manter afastada das outras?
Estudos recentes mostraram que o período de isolamento deve ser de 5 dias após o aparecimento dos sintomas.
# 4 - Quais são os sintomas da Caxumba?
A doença se inicia geralmente com quadro inespecífico de febre baixa, dor no corpo, dor de cabeça. 95% dos indivíduos que desenvolvem a doença evoluem com parotidite, que é a inflamação da glândula parótida, provocando o edema no pescoço característico da caxumba. A parotidite, causa dor, dificuldade de movimentar o pescoço, dor de ouvido, dificuldade de mastigação, dor intensa ao ingerir alimentos ácidos. O acometimento pode ser bilateral em alguns casos. A parotidite é mais comum em crianças entre 2 e 9 anos de idade e pouco frequente em adultos.
Cerca de 15 a 20% dos casos evolui sem sintoma, sendo que esses quadros assintomáticos são mais comuns em adultos.

Fonte: Uptodate
# 5 - É verdade que a Caxumba pode deixar os meninos inférteis?
A infecção e inflamação dos testículos é a complicação mais comum da caxumba nos adultos, acometendo cerca de 38% dos homens adultos infectados. Apesar disso, os casos de esterilidade provocados pela doença são muito raros.
# 6 - Como é feito o diagnóstico?
Na maioria dos casos o diagnóstico é feito clinicamente, sem necessidade de realização de exames laboratoriais. Apenas nos quadros sem sintomas típicos é necessário confirmação do diagnóstico com exames de sangue.
# 7 - A Caxumba tem tratamento?
Não existe medicamento específico contra o vírus que provoca a Caxumba. O tratamento é feito com medicamentos para aliviar os sintomas da doença.
# 8- Por que eu devo vacinar o meu filho?
As complicações graves provocadas pela caxumba, como meningite, encefalite, acometimento do coração, pancreatite reduziram drásticamente após a introdução da vacina Tríplice Viral no calendário básico de vacinação do Ministério da saúde.
# 9- Se todas as crianças recebem a vacina, porque ainda acontecem os surtos?
Os calendários vacinais do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Pediatria preconizam a administração de 2 doses de vacina contra a Caxumba: a tríplice viral, com 1 ano de idade e a tetra viral com 15 meses de idade.
A eficácia da vacina após a primeira dose é de cerca de 66% e após a segunda dose de 88%. Como a eficácia da vacina não é 100%, algumas crianças mesmo vacinadas podem adoecer, porém, as crianças vacinadas possuem chances muito menores de pegarem a doença e de apresentarem complicações.
Atualmente a faixa etária mais acometida são adolescentes e adultos que possuem a vacinação incompleta, com apenas 1 dose da vacina.
Fontes:
Nota Técnica de Caxumba Isabella Ballalai – Membro do comitê de Saúde Escolar da SOPERJ e presidente da SBIm Tânia Cristina de M. Barros Petraglia – Presidente do comitê de Infectologia da SOPERJ e vice presidente da SBIM-RJ Aroldo Prohmann de Carvalho – Presidente do Departamento de Infectologia da SBP
Uptodate: Epidemiology, clinical manifestations, diagnosis, and management of mumps
Pediatria Ambulatorial - 5ª edição